Teste: Jeep Compass Longitude 1.3T 2022, pronto para a briga
14/05/2021 Blog
Testamos a versão mais vendida com novo motor, design e conectividade e que espera Corolla Cross e VW Taos com tranquilidade
Ao menos nos grandes centros, você não passará muitos minutos nas ruas sem ver algum Jeep Compass. O SUV médio consegue vender mais que muitos compactos e sua receita deu tão certo que chamou a atenção das montadoras concorrentes, que já mostram alguma resposta com o Toyota corolla cross e VW Taos. Mas achou que a Jeep iria ficar parada esperando a concorrência ter uma chance? Muito pelo contrário.
O Jeep Compass 2022 foi apresentado com novo visual, interior com muitas mudanças e o esperado motor 1.3 turbo substituindo o 2.0 aspirado Tigershark. É como se a marca pegasse os pontos negativos do SUV e resolvesse uma boa parte das questões nesta reestilização. Para ver isso na prática, nosso primeiro teste é com a versão Longitude 1.3T, que responde por 50% das vendas do SUV.
Menos Renegade, mais Grand Cherokee
É muito claro que o Compass 2022 deu um salto dentro da linha Jeep. Ele se afasta do Renegade e se aproxima do Grand Cherokee em visual e acabamento. Na dianteira, os faróis ficam mais finos e trocam o projetor de luz (halógena ou xenon) sempre por um conjunto de LEDs, luzes diurnas em LEDs e a seta de direção agora integrada no farol.
Galeria: Jeep Compass Longitude 1.3T 2022 (Teste BR)
A grade dianteira mantém as clássicas 7 barras, mas também um pouco mais finas e com um efeito 3D. O para-choque dianteiro é revisado, com faróis de neblina menores e em LEDs. É fácil reconhecer o Compass 2022 pelas ruas quando olhar pela dianteira, mas pela traseira o jogo é mais difícil, mudando apenas alguns detalhes na parte interna das lanternas e o logo T270 identificando o 1.3 turbo.
Por dentro que fica mais claro que o Compass se afastou do que ele era. Poucas peças são as mesmas que eram utilizadas e com jeito de “emprestadas” do Renegade. Na versão Longitude, o painel de instrumentos mantém os 2 analógicos (velocímetro e conta-giros), mas recebe a tela TFT de 7″ colorida de alta definição como equipavam as versões mais caras. Alguns gráficos foram revistos, mas é um dos pontos que mais lembram o Jeep antes da reestilização.
A mudança do Compass por dentro passa desde o painel, agora com um estilo mais refinado, pela tela do sistema multimídia de 10,1″ em posição elevada, botões de comandos do ar-condicionado reunidos logo abaixo, um console central mais alto e que divide mais os ocupantes do banco dianteiro com acabamento em preto, até mesmo um novo botão para o freio de estacionamento e o volante exclusivo, com aletas para trocas de marchas e botões também com um funcionamento mais suave. Nas portas, novos revestimentos suaves ao toque e novos comandos. Do anterior? Apenas chave de seta, painel de instrumentos, seletor dos faróis e alavanca de câmbio.
Um novo mundo conectado
O Jeep Compass 2022 evolui também em conectividade. O SUV médio traz o Adventure Intelligence, sistema da marca que permite conectar o carro a dispositivos como smartphone e a Alexa, assistente pessoal da Amazon. O sistema multimídia com tela de 10,1″ (que é diferente da tela que está na Toro, com melhor resolução, respostas mais rápidas e outra interface) pode ter a página inicial configurada, além de ter o Apple CarPlay e Android Auto sem fio, com carregador por indução.
Com um chip 4G fornecido pela TIM, o Compass conversa com um app no smartphone e informa desde localização até autonomia e estado de sistemas e localização em tempo real. Em caso de acidente, ele pode acionar os serviços de socorro e, em roubo e furto, passar a localização para as autoridade responsáveis. WiFi está disponível, mas será cobrado a parte na contratação direta com a TIM.
Tamanho de VW Taos, desempenho de T-Cross Highline
O Compass 2022 troca o 2.0 aspirado, chamado comercialmente de Tigershark, pelo 1.3 turbo da família GSE, o T270. Sai de 159/166 cv (a 6.200 rpm) e 19,9/20,5 kgfm (a 4.000 rpm) para 180/185 cv (21/19 cv a mais) a 5.750 rpm e 27,5 kgfm (até 7 kgfm a mais) já aos 1.750 rpm. Não foram aumentos tão significantes como os da Toro e seu 1.8 (veja o teste da picape aqui), mas ele parece ter se encaixado ainda melhor no SUV. Veja a tabela abaixo:
Compass 2.0 | Compass 2.0 TD | Compass 1.3T | |
0 a 60 km/h | 5,2 s | 4,6 s | 4,1 s |
0 a 80 km/h | 8,0 s | 7,4 s | 6,2 s |
0 a 100 km/h | 11,6 s | 11,5 s | 9,1 s |
40 a 100 km/h | 11,4 s | 9,2 s | 6,9 s |
80 a 120 km/h | 8,8 s | 8,9 s | 6,6 s |
Consumo cidade | 5,5 km/litro (E) | 9,0 km/litro (D) | 8,0 km/litro (E) |
Consumo estrada | 8,0 km/litro (E) | 13,6 km/litro (D) | 9,1 km/litro (E) |
O Compass com o antigo 2.0 aspirado não era um carro lento, mas sua pior característica era o consumo. Como um bom motor sem turbo ou injeção direta, tinha as melhores respostas em rotações mais altas (pelo menos devolvia isso com um bonito ronco de admissão), logo acabava sendo um ótimo amigo do frentista. Com etanol, marcou 5,5 km/litro na cidade em nossos testes e com certa dificuldade os 8,0 km/litro na estrada, um cenário muito diferente do novo 1.3 turbo.
Mais do que a potência, o aumento do torque e a oferta já em baixas rotações é o que mais muda o comportamento do Jeep Compass. Ele manteve o câmbio automático de 6 marchas, mas com nova calibração e relação para o T270, e faz as trocas de forma suave e trabalha justamente na faixa de rotação em que o motor 1.3 turbo oferece força. Antes de 2.500 rpm, ele já faz as trocas e é o suficiente para locomover o Compass no ambiente urbano mesmo carregado. E a boa notícia: o ângulo de entrada do Compass foi de 15,8º para 21,5º, uma melhora importante para uma das principais reclamações dos proprietários.
Na cidade, o Compass 2022 ficou bem mais fácil de guiar e ainda nos deu um consumo de 8,0 km/litro com etanol, número que o 2.0 aspirado tinha na estrada. O start-stop ajudou bastante nessa média e tem funcionamento suave. Na estrada, chegamos aos 9,1 km/l e com um SUV que mudou muito seu comportamento mesmo quando cheio com o novo 1.3 turbo. Não há mais a dificuldade para manter a velocidade de cruzeiro e as ultrapassagens são bem mais seguras e rápidas, algo importante para um carro com a proposta familiar. E até vale ficar esperto com os limites de velocidade…
Isso fica muito claro quando colocamos os números do Compass T270 diante do 2.0 aspirado e do 2.0 turbodiesel, que segue em linha. Mais do que na Toro, ele precisava dessa força extra para condizer com o restante do conjunto e com uma concorrência que está chegando com motores mais modernos que o Tigershark. Interessante perceber que, mesmo sendo maior, tem o mesmo desempenho do VW T-Cross Highline, com o 1.4 turbo de 150 cv e de porte menor, em nossos testes de aceleração, com 0 a 100 km/h também em 9,1 segundos. E isso pode nos dar uma prévia do que esperar da briga com o VW Taos, que deve acontecer em breve.
O Compass 1.3T tem um botão Sport no painel, que deixa as respostas de acelerador e motor mais rápidas, transmissão focada mais em desempenho e muda a calibração da direção elétrica. Aliás, o SUV sempre teve uma dinâmica boa, com suspensão independente nas quatro rodas e a direção elétrica com boa comunicação com o motorista, além de ser fácil achar uma boa posição com as regulagens de altura e profundidade. O que ficou mais perceptível é que o Compass está um pouco mais confortável e a direção mais leve para manobras, mas mantém uma dinâmica equilibrada, sem sustos ou exageros quando perto de seus limites.
Acomodando a família
O Jeep Compass atraiu os clientes dos SUVs compactos por oferecer maior espaço interno com um preço próximo das versões topo de linha dos menores. Na fileira dianteira, os bancos se mantém os mesmos (com a opção de couro claro Steelgray por R$ 1.600) e são confortáveis. A maior mudança de espaço é a presença do console central mais alto e com mais porta-objetos.
Para os passageiros do banco traseiro, o Compass segue com o bom espaço para as pernas e se deparam com novas saídas de ar-condicionado, uma tomada USB e outra 12V mais abaixo. No porta-malas, um reajuste nos acabamentos levou a litragem de 410 para 476 litros, além de um piso em 2 níveis. A VW divulga o Taos com 498 litros, enquanto a Toyota, os 440 litros do Corolla Cross.
A versão mais vendida
De todas as versões do Jeep Compass, 50% das vendas são Longitude, seja flex ou turbodiesel. Na linha 2022, oferece um pacote de equipamentos melhor que o anterior por R$ 154.990 (R$ 15.000 a mais que a Sport, de entrada). De série, já temos ar-condicionado de 2 zonas, painel com tela de 7″, sistema multimídia com tela de 10,1″com Apple CarPlay e Android Auto sem fio, chave presencial, bancos em couro, faróis full-LED, neblinas em LED, rodas de 18″, piloto automático, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, retrovisor interno fotocrômico e outros detalhes.
O carro testado tinha itens como o teto-solar panorâmico (R$ 8.900), bancos em couro Steelgray (R$ 1.600) e algo que você não terá nas lojas: o pacote com sistema de som Beats, sistema de estacionamento automático, carregador por indução, retrovisores com rebatimento elétrico e partida remota na verdade faz parte do pacote 80 anos, que teriam as rodas em cinza e detalhes no interior e exterior. Com isso, chegamos ao valor de R$ 171.890, sem os bancos em cinza claro e em cor sólida, o Verde Recon.
O Jeep Compass 2022 não se acomodou como líder do segmento e referência. Evoluiu e deixou o jogo bem mais complicado para VW Taos e Toyota Corolla Cross. Sanou quase todos seus pontos negativos e soube jogar com um novo padrão de equipamentos, acabamento e visual para deixar os novos desafiantes mais desconfortáveis. E esperamos reuní-los nos próximos meses para esta briga, a principal de 2021.
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