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As mil e uma virtudes da clássica Honda CB 125S


18/01/2021 Facebook Twitter LinkedIn Google+ Blog



Honda CB 125S começou a ser exportada para os Estados Unidos em 1973 com motor de apenas um cilindro e 125 cc de cilindrada
Se nos dias de hoje uma motocicleta diferente, de aparência antiga, feia, até, pode ser bastante desejada, devido ao movimento retrô que se instalou em todas as áreas, da música ao cinema, nas artes em geral e, principalmente, nos automóveis e motocicletas, não era isso o que acontecia cinco décadas atrás.

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Mesmo bastante cultuadas, as motocicletas de origem européia acabaram cedendo espaço para a modernidade e a harmonia de linhas que as novas japonesas impuseram ao setor.

No meu caso, aquela feiosa Zündapp alemã de 1969 , apesar de ter um desempenho superior e me inserir no maravilhoso mundo das motocicletas, não me satisfazia no quesito beleza. Eu via nas ruas, e entre meus amigos, a chegada de motocicletas lindas e coloridas, e também queria uma. Até que, um dia, troquei a velha Zündapp por uma reluzente Honda CB 125S , zero km.

Na loja, a Fórmula G da Praça Panamericana, em São Paulo, fui direto à Honda CB 125 K, aquela de dois cilindros que parecia a irmã maior CB 350, mas fui facilmente convencido que aquela nova CB 125S , de apenas um cilindro, seria a melhor escolha. Mais leve, mais ágil, mais bonita e também mais veloz, a “S” representava a nova safra de motocicletas importadas pela Honda. O “S” significava “single”, um cilindro apenas.

Novidade no Brasil, a Honda CB 125S já existia no exterior desde 1971, colecionando críticas altamente favoráveis em todos os seus mercados, inclusive a Austrália. Já contava com todos os seus bons atributos, como motor OHC, câmbio de cinco marchas e conta-giros. Mas ainda mantinha o padrão estético das Honda dos anos 60, com o tanque em duas cores, quadro e garfo dianteiro pintados na mesma cor do tanque e cobre-corrente integral.

Já bastante melhorada, em 1973 a Honda CB 125S começou a ser exportada para os Estados Unidos, só que sem o conta-giros, que equipava apenas as versões destinadas à Inglaterra e à Austrália. A pintura do tanque, nesse ano, era de cor única com uma faixa igual à das Honda CB 350 .

Só no ano seguinte, em 1974, que ela receberia a faixa de tanque igual à das CB 750 Four K4 , que chegaram ao Brasil apenas nas K6 de 1976. Para o mercado norte-americano, ela ganhou também freio dianteiro a disco, acionado por cabo, igual ao da nossa Honda 125 ML de 1978.

E foi com essa motocicleta que eu saí, todo feliz, da Fórmula G, naquele mês de maio de 1974. A valente Honda CB 125S servia para tudo, passear pelo bairro, frequentar o zerinho do Ibirapuera, fugir para o Guarujá na calada da noite e, o mais bacana de tudo, participar da taça Centauro no Autódromo de Interlagos.

Em 1976, um novo grafismo no tanque a diferenciava da primeira versão, mas a motocicleta continuava a mesma, motor monocilíndrico quatro tempos de 14 cv (12 cv declarados na primeira versão), comando de válvulas no cabeçote (OHV), câmbio de cinco marchas na configuração universal e o belo painel de instrumentos. O freio dianteiro continuava a tambor.

Esse foi o ultimo ano da Honda CB 125S por aqui, já que foi em em 1976mesmo que as importações de automóveis e motocicletas foram totalmente proibidas. Mas essa motocicleta serviu de base para a nossa primeira Honda nacional, a Honda CG 125.

Lembro muito bem do orgulho que eu tinha por possuir uma CB 125S, que aumentou ainda mais quando chegou a Honda 125 brasileira. É que essa nova motocicleta, apesar de ser até mais bonita do que a CB, devido ao tanque de combustível maior, não tinha elementos que eu considerava essenciais para uma motocicleta, como o cabeçote OHC (a CG era OHV) e o câmbio de cinco marchas.

Por causa do câmbio invertido da Honda CG , eu vi muitos tombos, principalmente no zerinho e na Praça do Relógio, local na Cidade Universitária, em São Paulo, onde os motociclistas iam testar suas habilidades ao guidão. Como ninguém estava acostumado com esse câmbio (igual ao da Honda Biz), era corriqueiro o “piloto” esticar uma segunda e enfiar a primeira, achando que entraria a terceira marcha. Na curva, tombo garantido.

Depois da CG, a Honda CB 125S ficou esquecida, mas em outros mercados evoluiu até 1985, quando foi descontinuada. Lá fora, em 1976 mesmo, ela trocou o nome para CB 125J, passou de 122 cm 3 para 124 cm 3 e ganhou visual parecido com o da Honda CB 550 Four.

Mas perdeu o conta-giros. Em 1979, o freio dianteiro voltou a ser a tambor, em 1980 ganhou ignição CDI, em 1984 passou de 6 para 12 volts e, finalmente, em 1985, seu último ano, ganhou farol retangular.

Infelizmente a minha querida Honda CB 125S também andou um pouco esquecida. Depois de um acidente com ela na rua, passei a usar mais automóvel do que motocicleta, até que começaram a chegar as motocicletas mais modernas pra teste nas revistas.

Todas nacionais. Até um dia que ela se foi. Assim como qualquer motociclista que curte uma motocicleta vintage, gostaria eu de ter minha Honda CB 125S de volta.

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Por Gabriel Marazzi

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